terça-feira, 22 de setembro de 2009

Modernidade, essa armadilha, matilha de cães raivosos e assustados"

Talvez eu realmente não seja a melhor pessoa para falar deste assunto aqui, mas me veio essa idéia na cabeça e então resolvi falar ainda assim. Como não sou comuna, deixo claro que a idéia não é minha, tirei do blog: http://observasocialista.blogspot.com/, onde estive dando um rolé. Em meio a uma discussão sobre educação (tema de muitas postagens do "R.R. Da Rosa" [Xará] neste mesmo blog!) as coisas foram mudando e caí na reflexão sobre a tecnologia do século XXI.
Quando falamos de tecnologia, acho que a primeira coisa que nos vem a cabeça é: Internet! E não poderia ser diferentes, neste momento você está nela lendo algo de alguém que está longe de você, interagindo ao mesmo tempo que milhões de pessoas! Isso é fantástico, não? Enfim, isso tudo para dizer que a internet é a grande sacada do século. Não tem bomba, não tem guerra, não tem genoma, não tem DNA... A parada é conectar! A "revolução da informação" que sofreu o século XX e suas franjas alcançam o XXI, chegam ao ápice com a Internet, é a total quebra de fronteiras que tanto ouvimos falar por aí.
A internet é conteúdo, é interação, é fofoca, é informação! A internet é juntar o mundo nele mesmo, é fazer chegar em qualquer lugar, sem intervalos de tempo, todas as informações. O "mundo virtual" é uma leitura que ignora noções de tempo e espaço. Não há tempo para quem navega na internet, eu não preciso primeiro ler a notícia e depois comentá-la, eu posso comentar a notícia enquanto a leio, com dezenas, centenas, milhares de pessoas ao mesmo tempo. Isso é a personificação do ideal de liberdade.... Ops, será?
Quem fala em Internet, pode falar na língua do ideal? Será que existe Ideologia pós-internet? Será que há espaço para parâmetros encerrados em uma ideologia, seja ela qual for, mas que não aceite que a diversidade está muito além de um pacote de ideais? Bem, do lado de cá se pensa que não. Uma vez que quebra-se as fronteiras entre o "pode e não pode", uma vez que não faz diferença se é Russo, alemão, americano, brasileiro ou japonês, você pode sempre se conectar e trocar informações com o outro, o outro deixa de ser "outro" e passa a ser "informação". Tudo é conexão, está tudo conectado... Não há mais correria para isso ou para aquilo e sim para se informar. Talvez a informação seja mesmo a maior arma do século XXI. Quem fica de fora não é quem não tem capital, não é quem não tem armas poderosas, mas é quem não está informado. Esta informação não distingue mais ricos ou pobres, ela está aí, para todos.
A informação está literalmente globalizada, em qualquer lugar do globo está o mundo virtual. Em programas de TV, lá está ela, a maldita informação, seja qual for, novela, jornal, desenhos... É a mistura, é a junção que ligará o mundo do ontem ao mundo do amanhã. Na internet há espaço para tudo, inclusive para voltar ao inexistente. Volte para sua religião: na internet. Volte para sua ideologia social: internet. É o lugar onde estão todos, onde ninguém, a não ser que esteja fora, é discriminado!
Talvez a internet seja apenas um reflexo do "nós" off-line. O nós do século XXI, o nós da informação, o nós flutuante que não diferencia o eu, do tu, do eles. Onde não há autoria, há colaboração. Onde o EGO perde espaço para o todo. Talvez um resgate da unidade da Physis grega. Nada é fora, nada é dentro, e tudo simplesmente está. E assim sendo, é transformação, é mudança, é puro devir. O que é hoje, certamente não será amanhã e isso porque dentro da "rede", tudo é peixe. dentro da "rede" não há diferença de tempo, a barreira temporal é rompida, junto da espacial. Tudo está em qualquer momento em qualquer lugar. Mas o mais interessante talvez seja: Não há Verdade.
Termino o post com uma reflexão que não estava no início, mas me surgiu agora: Onde ficam as verdades no lugar onde nada é, e tudo está? Onde fica o lugar da verdade absoluta platônica e as que seguiram? Onde fica a verdade como última palavra, se essa última palavra não seja um: "pode ser"? Onde fica o "caminho certo" o "caminho a ser seguido"? Onde fica a conectitividade desse "caminho"? Há?

Web-abraços,
Rafael Gomes.

Um comentário:

Caio Costa disse...

Quando se fala sobre tecnologia e internet eu sou um dos que se embasbaca e ri. Não por falta de contato, mas pela vida que levo -- "toda" baseada no que posso e não posso fazer online, em um novo trabalho, um novo contato, um novo post no blog. A internet não é só um meio de comunicação, mas de entretenimento, conhecimento, autoconhecimento, expressão artística e tudo o mais que seja possível ser reproduzido em uma tela.

Excluindo o questionamento "onde fica, então, sua vida real?" pois aqui não vem ao caso, meu mundo é tão vasto quanto essa conexão me permite ser. Isso inclui sites de diversos lugares, pessoais, corporativos, profissionais, de ajuda, de dicas, de detonados, de vídeos e de... pessoas. A conexão que a internet traz não é uma conexão com o que você quer que seja criado, mas com o que foi criado para você. Pessoas criam conteúdo, inclusive quando esperam apenas encontrar conteúdo, e é isso que move essa imensidão de informações sendo trocadas a cada instante.

Tudo são flores? Talvez. Talvez no mundo dos twitters, blogs e flogs rosas. Por ser criada e mantida por humanos, a internet é o retrato do que cada um é -- ou seria -- offline. Nunca um retrato real, sempre escondido, camuflado, mesmo que por trás de apenas uma vírgula trocada. Ninguém muda de corpo e de ideais quando se conecta. Muito pelo contrário, muitas vezes os defende com mais vigor. E até por se esconder em montes de porcaria e perfis falsos, talvez a internet seja realmente um retrato do que somos: seres sedentos pela atenção uns dos outros.